Conclusões 
Há uma grande concentração de barragens associadas à mineração nas áreas mais habitadas do estado de Minas Gerais. Alguns dos municípios mineiros com as maiores densidades populacionais em seu território, tais como Nova Lima ou Congonhas, possuem uma grande concentração dessa tipologia de barragens (mineração). Cerca de 300 barragens mineiras de mineração (ANM/DNPM=293, FEAM = 305 barragens), ou seja, 80% do total desse tipo de barragens, estão concentradas em 20 municípios, onde vivem 3,78 milhões de pessoas (19,5 % da população mineira). 
Os dois bancos de dados consultados apresentam resultados divergentes em relação às barragens associadas à mineração. Até mesmo o número dessas estruturas dentro de um município e considerando a mesma tipologia pode variar um banco de dados para o outro. Variáveis importantes tais como mudanças no CNPJ dos empreendedores ou variáveis morfométricas dos reservatórios tais como o volume necessitam de revisões urgentes. 

Os dados oficiais também não trazem informações sobre os desastres ocorridos no estado. As providências se limitaram a pura e simples exclusão das barragens rompidas do banco de dados. Os reservatórios Cava-1 (Rio Verde, Macacos), São Francisco (Cataguazes Mineração), B-1 (Herculano, Itabirito), Fundão (Samarco) e B-1 Feijão (Vale, Brumadinho) vão sendo paulatinamente excluídos dos bancos de dados oficiais, sem qualquer justificativa.

Acreditamos que a sociedade tem o direito ao acesso às informações tidas como “oficiais” em relação a todos os desastres ocorridos com represas de mineração em Minas Gerais e em todo o Brasil. Dados sobre o volume da onda de lama, número de vítimas fatais, inventário dos impactos ambientais e perda do patrimônio municipal e privado somente podem ser garimpadas em relatórios do governo disseminados em dezenas de órgãos, matérias de jornais ou TV. As contribuições acadêmicas sobre o assunto normalmente demoram muitos anos para ser publicadas. 

Em termos de morfometria das represas, os dados oficiais consultados se limitam a fornecer apenas as coordenadas geográficas das barragens (há muitas coordenadas erradas), altura e o volume de rejeitos acumulados (idem). Não são fornecidos dados sobre os parâmetros morfométricos primários (área inundada, perímetro, profundidade máxima, profundidade média, profundidade relativa). Não há sequer menção aos parâmetros morfométricos secundários (índice de desenvolvimento de volume, índice de desenvolvimento de perímetro, declividade média e fator de envolvimento). Todos esses parâmetros morfométricos bem como a descrição batimétrica atualizada dos reservatórios e de suas bacias hidrográficas são características extremamente importantes para o estabelecimento de um Plano de Gestão e Segurança de Barragens. Se tais informações estivessem disponíveis e fossem continuamente atualizadas as ações de salvamento e recuperação de vítimas ou do inventário dos danos ambientais em caso de uma ruptura seriam muito mais eficazes e haveria mais agilidade na sua execução.