Em Brumadinho, vivem 40.103 habitantes que se distribuem no território municipal com uma densidade de 53,13 hab./km². Distando cerca de 62,6 km de Belo Horizonte, a cidade que é banhada pelo rio Paraopeba tem hoje um PIB per capta de R$ 40 mil (IBGE 2019). O banco de dados da ANM/DNPM relaciona 27 represas para Brumadinho, ao passo que a FEAM cita apenas 26 barragens.
Nessa pesquisa foram localizadas 24 barragens (tabela). O volume acumulado total dessas estruturas, segundo a FEAM, chega a 88,9 milhões de m³. A fundação mineira assegura que todas elas possuem volumes maiores do que 1,0 milhão de m³.
No dia 25 de janeiro de 2019, aproximadamente às 13:40 hs, rompeu-se a Barragem-1 do complexo da Mina do Feijão, localizada no município de Brumadinho. A barragem inaugurada em 1976, tinha 87 metros de altura e acumulava cerca de 12,7 milhões de m³. Após seis meses de buscas intensas, a conta da tragédia registrava 248 mortos e 22 desparecidos. Considerando o número de trabalhadores da mineração que perderam as suas vidas na tragédia, esse foi o maior acidente de trabalho já registrado no Brasil.
Em 2018, o complexo do Feijão produziu 8,5 milhões de toneladas de minério de ferro, o equivalente a 2% da produção da Vale. A mina faz parte do Complexo Paraopeba, que produz anualmente algo em torno de 30 milhões de toneladas de minério de ferro o que corresponde a cerca de 7% de toda a produção deste minério pela Vale. Mesmo estando a barragem inativa, não recendo rejeitos desde 2015, esse fato não impediu o seu rompimento que acabou causando uma das maiores tragédias humanas e um dos maiores desastres ambientais do Brasil.
Segundo os bancos de dados nos quais se baseia o presente estudo a barragem que se rompeu era classificada como sendo de “MÉDIO PORTE”, categoria de risco – CRI: “BAIXO”, danos potenciais – DPA: = “ALTO”. A barragem estava incluída no Plano Nacional de Segurança de Barragens – PNSB. Em abril de 2019, a Agência Nacional de Mineração suspendeu a DCE da Barragem 6 da Mina de Feijão (Jornal Estado de Minas, 2/ABR/2019). A DCE é o documento que permite a operação e uso de uma barragem de rejeitos de minérios.
As principais barragens de Brumadinho (vermelho), bem como os seus posicionamentos dentro da rede hidrográfica e em relação à área urbanizada (negro) estão ilustradas na figura. Em caso de ruptura, ao menos uma das represas do município teria seus rejeitos invadindo a malha urbana da cidade.
O vídeo descreve as impressões do ecólogo Ricardo Motta Pinto Coelho gravadas logo após realizar uma visita "in loco" ao cenário do desastre de Brumadinho, onde a barragem B-1 que recebia rejeitos de mineração rompeu-se no Córrego do Feijão, Brumadinho, em 25 de Janeiro de 2019.