Usos humanos das águas nas restingas
O homem e as águas das restngas capixabas
Usos humanos das águas nas restingas
Os impactos ambientais das atividades humanas nas águas capixabas possuem uma ligação direta com as atividades econômicas em todo o estado. Essa propagação dos impactos ambientais que ocorrem nas montanhas do estado e que chega nas restingas resulta do fato de que muitos rios que nascem nas montanhas do estado e vão desembocar em suas restingas. Um bom exemplo é o rio Jucu. Segundo o Inst. Jones do Santos Neves - IJSN, órgão do Governo do ES, o PIB nominal totalizou R$ 124,3 bilhões em 2019.  Uma das mais impotantes atividades é a exportação do minério de ferro e a siderurgia. Nesse mesmo período, os cinco principais produtos agrícolas capixabas foram:  Café Conilon  Café Arábica, Pimenta-do-reino, Tomate, Banana, Mamão, Cana-de-açúcar, Cacau, Coco e o Abacaxi. Na pecuária, há criação de gado de corte e leiteiro.  Na indústria, são fabricados produtos alimentícios, madeira, celulose, têxteis, móveis e siderurgia.

O IBGE dividiu o estado em treze microregiões: 1- Montanhas, 2- Barra de São Francisco, 3 - Nova Venécia, 4- São Mateus, 5- Colatina, 6- Linhares, 7- Sta. Tereza, 8 - Afonso Cláudio, 9 - Vitória, 10- Guarapari, 11- Alegre, 12 - Cach. Itapemirim, 13 - Guarapari e 14 - Itapemirim. Destas microregiões capixabas,  cinco delas (4, 6, 9, 10 e 14) estão diretamente ligadas ao litoral e possuem grandes extensões de águas em suas restingas. É nessas microrregiões que o presente estudo será desenvolvido. 

Expansão Urbana

Os recursos hídricos das restingas têm sido muito afetados pela crescente urbanização na região litorânea do estado capixaba. O parcelamento urbano tem avançado muito tomando rapidamente o lugar de muitas propriedades rurais. Esse fenômeno é visível em toda a região da Grande Vitória, por exemplo. 

Na foto acima, podemos ver o avanço da urbanização na localidade de "Balneário de Ponta da Fruta", no município de Vila Velha (ES). Pode-se notar que, nesse caso, existem claras ações para a proteção de um dado manancial que acabou sendo envolvido pela urbanização.  Entretanto, a urbanização é feita em outros casos sem levar em conta aspectos muito importantes para a manutenção da qualidade ecológica das águas das restingas: aterros de áreas sujeitas ao alagamento, construção de canais, ausência de saneamento básico, ruas não pavimentadas que geram importantes focos de erosão, por exemplo. 
Pecurária extensiva

A pecuária bovina extensiva tanto de leite quanto de corte é ainda a principal atividade agro-pastorail observada em boa parte do território originalmente ocupado pelas restingas capixabas. A atividade agrícola é de menor importância e está voltada à produção de mandioca, abóbora, melancia, mamão e feijão. A pecuária extensiva é praticada por empreendimentos de médio a grande porte e normalmente é feita com emprego de boas práticas de manejo de pastos e o plantel é de excelente qualidade. Já a atividade agrícola é de pequeno porte e, em alguns casos, é feito o uso da irrigação. 

Pesca e aquicultura

Um dos principais usos das águas das restingas está ligado a atividade pesqueira. Tanto a pesca desportiva quanto aquela comercial acontece em boa parte da região, mas ambas são exercidas sem o necessário apoio e fomento por parte do estado que se limita a fiscalizar ou punir os eventuais infratores. Não  há a cultura do fomento e não há ações para a disseminação de boas práticas tanto na pesca quanto na comercialização do pescado regional.  

Mais recentemente, a piscicultura também tem se destacado. Da mesma forma, não existe apoio de extensão seja do município, do ou mesmo da federação no tocante a essa atividade. Na foto acima, pode-se ver a presença de tanques para a produção de tilápias que surgem a partir da dragagem de parte das áreas úmidas associadas ao rio Xuri. 
Condomínios

Um dos principais usos do solo na região das restingas é a expansão dos condomínios exclusivos. Tratam-se de parcelas relativamente grandes do território que são destinadas ao uso residencial para as classes mais elitizadas da população. Normalmente, o acesso ao interior do empreendimento é restrito aos moradores e visitantes. Embora, esses empreendimentos tenham que atender a uma série de exigências ambientais (áreas de preservação, acesso púbico à praia, etc), normalmente a sua implantação e posterior operação exigem grandes desmatamentos, aterros e construção de diveras vias pavimentadas no seu interior.

Manejo inadequado das restingas

As restingas, por estarem localizadas na faixa litorânea, são ecossistemas muito ameaçados pelo homem. E, muitas vezes, até mesmo ações de manejo podem causar grandes impactos. A poda regular da vegetação das restingas em praias é um sério impacto. Esse é um distúrbio que favorece a proliferação de espécies nativas, mas que quando presentes em grande número causam sérios problemas ambientais e mesmo para as pessoas. Um bom exemplo são as cactáceas e outras plantas com espinhos que proliferam logo após a poda das restingas.

Em outros casos, quando nenhuma ação de manejo é feita, pode haver a proliferação de espécies exóticas tais como a mamona ou capins exóticos. Um bom exemplo é a Leucena, uma leguminosa que foi introduzida a partir da América Central. A planta possui atributos ecológicos que a torna uma das piores daninhas do mundo. A Leucena afeta a resiliência (capacidade do ambiente de se reestabelecer após algum distúrbio) das restingas. A planta promove a homogeneização da flora devido sua alta capacidade competitiva e extermina plantas nativas graças à liberação de aleloquímicos no ambiente. A Leucena é tóxica para animais nativos da restinga e afeta as pastagens e ainda é hospedeira de pragas urbanas e doenças de lavouras.