RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO CÓRREGO ISIDORO, BELO HORIZONTE
Por Ricardo M. Pinto-Coelho
A área conhecida como a região do Isidoro (ou Izidora) tem cerca de 10 km² e está localizada no vetor norte do município de Belo Horizonte, fazendo fronteira com o município de Santa Luzia. A principal característica dessa área é a existência de uma grande extensão de área verde preservada constituindo, uma área de transição entre o cerrado e a mata Atlântica. Nessa região, existem catalogadas cerca de 280 nascentes, 64 córregos, incluindo o maior deles que é o córrego dos Macacos que é o afluente do ribeirão do Isidoro. Grande parte dessa rede hídrica perfaz o último conjunto de águas limpas, não poluídas de BH. Essa rede hídrica, por sua vez, se liga ao córrego do Isidoro e esse ao Ribeirão do Onça que irá desaguar no Rio das velhas, que é a principal fonte de abastecimento de água de Belo Horizonte. Os estudos no presente projeto irão incluir os setores 1 e 2, enquanto que as ações de recuperação (recuperação de matas ciliares, nascentes, etc) irão acontecer nos setores 1-A e 1-B.
Fig. 01 - Nascentes na região do Isidoro.
A nascente A (Figura 2) apresenta 3 principais impactos. Uma rua intercepta a nascente e a água aflorada toma diferentes direções carreando solo e sedimentos. Torna-se necessário a criação e drenagens e pontes para redirecionar a água e proteger a nascente. Esta nascente apresenta espécies invasoras e uma mata ciliar deve ser implantada no seu entorno usando sistema de zoneamento com espécies arbóreas (Welsch, 1991; Lowrance et al., 1997; Schultz et al., 2004; Kimura et al. 2017) com ajustes para nascentes (Mendes, 2017). A comunidade optou pela implantação de uma agrofloresta em trechos da nascente usando consorcio de frutíferas e nativas arbóreas cuja produtividade será avaliada pelo indice “Land equivalent ratio” (LER) que avalia o benefício do consorcio (Mead R, Willey RW 1980; Pagano et al. 2008).
A nascente recebe esgoto e por isto serão implantadas fossas ecológicas nas residências do entorno. A fertilidade, estabilidade do solo, volume de sedimentos aportados, água do solo (água gravitacional e potencial matricial), volume e qualidade de agua superficial serão estimados no início dos trabalhos e após 11 meses das intervenções.
Figura 02 - Córrego Macacos e suas nascentes ao longo da ocupação Vitoria Área de recuperação de 0,6 ha a ser executada no primeiro ano ( demarcada com pontilhado): incluindo Mata Ciliar ( MC), Nascente A ( NA), Nascente B( NB).
A nascente B (Figuras 2 e 3) também sofre grande impacto de uma rua e residências construídas sobre a mesma. Ainda assim, a água da nascente está aflorando, porém, de maneira desordenada. Será necessário o redirecionamento desta água através de drenos e proteção com pontes. Parte da nascente poderá receber uma mata ciliar usando sistema de zoneamento com espécies arbóreas (Welsch, 1991; Lowrance et al., 1997; Schultz et al., 2004; Kimura et al. 2017) com ajustes para nascentes (Mendes, 2017).
Como aqui também a nascente recebe esgoto, serão implantadas fossas ecológicas nas residências do entorno. A fertilidade, estabilidade do solo, volume de sedimentos aportados, água do solo (água gravitacional e potencial matricial), volume e qualidade de água superficial serão estimados no início dos trabalhos e após 11 meses das intervenções.
Figura 2 - Córrego Macacos e suas nascentes ao longo da ocupação Vitoria ampliando a inserção da área de trabalho no contexto da distribuição da ocupação.