RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS NO CÓRREGO ISIDORO,  BELO HORIZONTE
TANQUE DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO (TeVap) PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES DOMÉSTICOS – PROJETO ISIDORO 

Por Alberto Sáenz-Isla

A fossa ecológica (TEvap – Tanque de Evapotranspiração), é uma alternativa individual (por casa) de tratamento de esgotos domésticos e disposição final dos efluentes domiciliares. Trata-se de uma solução funcionalmente simples, sem uso de processos mecanizados, as estruturas são de fácil construção e operação, e apresenta baixos custos para elaboração e implantação. 
O TEvap é um sistema de tratamento e reaproveitamento dos nutrientes do efluente proveniente do vaso sanitário. Este sistema foi criado pelo permacultor norte-americano Tom Watson, com nome de “Watson Wick” e adaptado para o Brasil pela EMATER-MG.

 
Funciona como um sistema fechado, pelo que não apresenta efluente. No seu interior ocorre a decomposição anaeróbia da matéria orgânica, mineralização e absorção dos nutrientes e da água, pelas raízes das plantas. Os nutrientes deixam o sistema incorporando-se a biomassa das plantas e a água é eliminada por evapotranspiração. Não há deflúvio. E dessa forma, não há como poluir o solo ou o risco de algum microrganismo patógeno sair do sistema. 

Um pré-requisito para o uso do TEvap é a separação das águas servidas na casa. Apenas aquele efluente advindo dos sanitários (águas negras) deve ir para a fossa TeVap. As demais, provenientes de pias e chuveiros (águas cinzas), devem ir para o “círculo de bananeiras”. A introdução do conceito de separação na fonte da gestão dos esgotos municipais permite o adequado tratamento de diferentes tipos de efluentes de acordo com suas características. Esta é a chave de soluções técnicas para o reuso eficiente da água, energia e fertilizantes. 
Entre as vantagens de utilização de sistemas com plantas para tratamento de esgoto está a possibilidade de alta eficiência no tratamento, baixo custo, inclusive o custo de manutenção, que é mínimo, baixo consumo de energia, tolerância à variabilidade de carga, harmonia paisagística, a não utilização de produtos químicos, aplicação para polimento de efluentes de outros sistemas de tratamento e aplicação comunitária. A empresa pública EMATER-MG tem desenvolvido vários estudos que comprovam a eficácia da técnica do TeVap.
CONSTRUÇÃO DO SISTEMA TEVAP 

Cada sistema de tratamento TeVAp (Figura 1) deverá conter um sistema para águas cinzas (Círculo de bananeiras) e outro sistema de tratamento para águas negras (TeVap).No projeto estima-se instalar até 60 sistemas TeVap. Podendo ser 30 TeVap no setor 1-A e 30 no setor 1-B. Mas isto é uma aproximação. O número exato dos sistemas TeVap a serem construídos em cada setor do projeto será determinado exatamente após a elaboração do Plano de Saneamento Ambiental que será realizado no inicio deste projeto (Meta 1.2).
COMPOSIÇÃO DO SISTEMA TEVAP 
 Círculo de bananeiras 

Os círculos de bananeiras (Figura 2) são elementos complementares às fossas de evapotranspiração (TeVap) na função de tratar localmente as águas cinzas. Consiste em um grande buraco em formato de bacia, com 1,5m de diâmetro e 1,2m de profundidade para uma casa de uma família (em torno de 4 pessoas) rodeado de plantas (bananeiras).
Tanque de Evapotranspiração (TeVap) 

O TeVap tem por função o tratamento das águas negras. Consiste em uma fossa de 2 metros de 
largura e profundidade de 1 metro (Figura 3). O comprimento é o que varia, sendo de 1 metro 
por morador da casa. O interior deverá ser revestido pelo método de ferro-cimento e argamassa.  A Câmara Anaeróbia, é composta por um túnel de pneus usados que cria um ambiente para a proliferação de bactérias que quebrarão os sólidos em moléculas de nutrientes. A tubulação de entrada de esgoto é posicionada dentro dessa câmara. Conectado à câmara deve-se afixar o  tubo de inspeção ou piezómetro, penetrando a câmara de pneus e com saída vertical para a superfície. Após a construção da câmara anaeróbia, são colocadas também as camadas de brita, areia e solo até o limite superior do tanque. Como o TEvap não tem tampa, para evitar o alagamento pela chuva, a superfície do solo do tanque deve ser abaulada, mais alta no centro, acima do nível da borda, coberto com palhas. Nesta tampa serão plantadas espécies ornamentais. Para evitar o escoamento superficial da água da chuva para dentro do sistema, é aberta uma vala ao redor do tanque. O extravasamento do esgoto é um evento pouco provável devido ao dimensionamento do sistema.