LAGOA CENTRAL (LAGOA SANTA)



A "Lagoa Central" é o maior lago do sistema cárstico situado na porção norte da região metropolitana de Belo Horizonte. Localizada praticamente no centro do município do mesmo nome, a Lagoa Santa não somente é um belo elemento da paisagem local mas também é um ambiente que carrega tradições históricas importantes. Lagoa Santa foi o berço dos estudos ecológicos já em meados do século XIX pois ali viveu o naturalista dinamarquês Eugene Warmming que pode ser considerado o verdadeiro cirador do estudo de ecologia de comunidades em todo o mundo. Além disso, a região recebeu outro naturalista importante, Peter Lund. A água da lagoa, em certo momento no passado, chegou a ser exportada para a metrópole colonial, Lisboa por se acreditar possuir propriedades medicinais importantes. No entanto, foi devido às sua beleza cênica, à beleza do cerrado do entorno, às majestosas grutas da região (ex: gruta de Maquiné) e pelo caráter bucólico da pequena Lagoa Santa, que a região viveu o seu apogeu durante os anos de 1940 e meados da dédada de sessenta sendo mesmo considerada como uma das regiões mais nobres para viver de toda a região metropolitana de Belo Horizonte. Esse cenário, no entanto, mudou drasticamente ao longo dos últimos anos, devido à eutrofização da lagoa, pelo desaparecimento de sua bela vegetação marginal, pelo aumento da turbidez de suas águas ou ainda devido aos frequentes florescimentos de cianobactérias e outros fenômenos ligados à degradação ambiental tais como acúmulo de lixo, assoreamento, construções ilegais nas margens, etc. Hoje, a população da cidade procura mudar esse triste cenário e, juntamente com o Laboratório de Gestão Ambiental do ICB/UFMG, está ativamente envolvida em um grande projeto que pretende devolver em curto espaço de tempo uma nova lagoa totalmente recuperada e despoluída.



Figura 1 - Diferentes aspectos da Lagoa Central (Lagoa Santa) como é conhecida a principal lagoa da cidade mineira de Lagoa Santa. As margens da lagoa necessitam de uma intervenção urgente do poder público no sentido de promovar a sua rápida recuperação pois são inúmeros os exemplos do descaso e da ignorância: paliteiros abandonados remanescentes de plataformas usadas pelos antigos moradores para a prática do natação e da pesca, focos de assoreamento, entrada não controlada de drenagem urbana, esgotos clandestinos, presença de aves (patos) exóticos, etc. Durante os fins de semana, existe uma grande afluência de pescadores de vara que capturam grandes quantidades de um peixe exótico à bacia do São Francisco: a tilápia. Raramente, os pescadores conseguem pegar algum exemplar da fauna nativa de peixes tais como a traíra ou o cará.



Os estudos de hidroacústica em Lagoa Santa estão associados ao projeto "Lagoa Viva" que é coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura Muncipal de Lagoa Santa. Esses estudos iniciaram em meados de 2007 e têm por objetivo central elaborar um plano de recuperação ecológica da Lagoa Central daquela cidade. Dentro desse plano, está prevista a construção de um Centro de Limnologia Aplicada que deverá estar voltado ao ensino de Limnologia e Ecologia Aplicada em diferentes níveis (graduação e pós-graduação). O centro deverá estar também focado no desenvolvimento de ecotecnologias voltadas à recuperação de lagos, reservatórios e rios brasileiros. O financiamento desse grande projeto estará a cargo do F-HIDRO que é umm fundo adminstrado pelo IGAM órgão do Governo de Minas Gerais especificamente voltado à gestão das águas subterrâneas e superficiais do estado de Minas Gerais.

Nossas pesquisas na Lagoa Central estiveram focadas na elaboração de uma carta batimétrica e nas avaliações das densidades de peixes nesse ambiente. Abaixo, o usuário poderá ver uma das primeiras cartas batimétricas feitas com o auxílio do nosso ecobatímetro OHMEX e dados de coordendas geográficas obtidos com o D-GPS TechGeo. Estamos elaborando um manuscrito científico onde pretendemos comparar os dados batimétricos obtidos com essa sonada (ecosonda OHMEX) com o Biosonics DT-X acoplada com o D-GPS Trimble (Fig. 2).





Figura 2 - Carta batimétrica da Lagoa Central (Lagoa Santa) obtida pela ecosonda OHMEX com dados de coordenadas geográficas obitdas pelo D-GPS Tech Geo. Carta elaborada por Alan Vieira.



No dia 28 de abril de 2008, fizemos uma série de transectos com o objetivo de gerar uma carta temática das distribuições das densidades de peixes na Lagoa Central. A figura abaixo ilustra um dos ecogramas obtidos durante essa excursão (Fig. 3).



Figura 3 - Ecograma da Lagoa Central (Lagoa Santa) mostrando a ocorrência de peixes na coluna de água. Ao comparar com a represa da Pampulha, fica evidente que esse lago tem densidades muito menores de peixes. Em ambos os casos, pesquisas anteriores demonstram que as tilápias são largamente dominantes em suas respectivas ictiofaunas. Ecograma obtido com a sonda Biosonics DT-X acoplada a um transdutor de 200 KHz. Participaram das coletas Ricardo MP Coelho, José Fernandes, Ludmila Brighenti e Pedro Caraballo (INPA, Manaus). Coleta realizada em 28/4/2008.



Essas pesquisas geraram uma massa de dados que fez com que o bolsista de PD (FAPEMIG) Dr. José Fernandes Bezerra Neto produzisse a primeira carta temática com as estimativas espaciais de densidades de peixes na Lagoa Central (Lagoa Santa). Essa carta (figura abaixo) e a carta das densidades de peixes da represa da Papulha são as primeiras cartas temáticas feitas através de varredura hidroacústica em lagos e reservatórios brasileiros (Fig.4).

Figura 4 - Carta temática de densidades totais de peixes na coluna de água da Lagoa Central do município de Lagoa Santa, Minas Gerais. Estimativas feitas a partir do uso dos programas Visual Analyzer e do programa Surfer 8.0, pelo bolsista de pós-doutoramento Dr. José Fernandes Bezerra-Neto a partir dos dados obtidos com a sonda Biosonics DT-X, acoplada a um transdutor de 200 Khz. Coletas realizadas no dia 28 de abril de 2008.





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Última atualização em 16 de agosto de 2017
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