LAGOA DO NADO (PARQUE MUNICIPAL)

A Lagoa do Nado é um pequeno reservatório localizado dentro de um parque municipal na zona norte da cidade de Belo Horizonte. O lago é formado pela adução de três nascentes de água e sua pequena bacia de captção está bem preservada por matas secundárias e por uma mata de Eucalyptus já bem consolidada (Fig. 1)



Figura 1 - Aspecto da "Lagoa do Nado", um pequeno reservatório situado em um parque municipal que leva o mesmo nome do reservatório. O lago é um local ideal para o estudo da ecologia dos chaoboridae graças às elevadas densisdades que esses dipteros atingem nesse ambiente e ao movimento de migração vertical que eles realizam na coluna de água.



A lagoa do Nado foi intensivamente estudada por Bezerra-Neto que a usou como modelo o estudo dos padrões de migração vertical diurna de chaoboridae em sua tese de doutoramento (Bezerra-Neto, 2007). As larvas desse diptero meroplanctônico realizam, ao contrário do que foi observado na Lagoa da Carioca, um nítido movimento vertical dirno com um deslocamento para as camadas mais superificiais à noite. Durante o dia, essas larvas permanecem na zona anóxica provavelmente utilizando-a como um refúgio contra a predação.

Dois foram os objetivos das pesquisas na represa "Lagoa do Nado" : (a) verificar se as densidades dos dipteros chaoboridae eram altas como o previsto e se essas populações realmente migram na coluna de água indo para as camadas superificiais à noite; (b) verificar se as densidades de peixes são mais elevadas na Lagoa do Nado e podem, portanto, explicar a adoção do movimento migratório dos chaoboridae no citado ambiente.

As propulações do diptero Chaoborus somente são encontradas nas regiões mais profundas (onde z é maior do que 3,0 m) do reservatório, durante o dia (Fig. 2). Nas zonas litorâneas quase não se encontram larvas do diptero na coluna de água. Ao final do dia, as larvas inciam o seu movimento de ascenção na coluna. Nesse momento, os peixes ficam muito ativos e são capazes de realizar mergulhos muito rápidos na zona anóxica em busca das larvas do 3 e 4 estádio de Chaoborus. Nesse momento, nota-se ainda um distúrbio no sedimento que provavelmente reflete a saída das larvas dos dipteros que estavam enterradas nos sedimentos durante o dia. Nas primeiras horas da noite, a coluna de água fica totalmente tomada pelas larvas de Chaoborus, que sob a escuridão (não havia lua cheia no dia da coleta) estão livres da predação visual dos peixes.

As pesquisas com a sonda hidroacústica no reservatório do Nado comprovaram, então, que as densidades de peixes são muito mais elevadas do que na Lagoa da Carioca onde não há migração dos Chaoborus. Em segundo lugar, as pesquisas identificaram um nítido padrão espacial de distribuição das larvas de Chaoborus no ambiente que durante o dia evitam ativamente a zona litorânea da represa para minimizar o risco de ser predado. As pesquisas ainda revelaram um interessante comportamento dos peixes que são capazes de "mergulhar" ainda que por alguns instantes na zona anóxica para predar as larvas de Chaoborus.

Finalmente, entendemos que as elevadas densidades de Chaoborus nos diversos ambientes estudados impõem talvez a necessidade de uma mudança de paradigma nos estudos da ecologia de zooplâncton do Brasil. Sugerimos que, doravante, os estudos devem ser muito mais focados na ecologia, biologia e, principalmente, na ecofisiologia dos chaoboridae. Não se pode compreender qualquer aspecto do metabolismo geral desses lagos sem entender a ecologia dos chaoboridae, espécies chave na ecologia desses sistemas.

Figura 2 - Ecogramas ilustrando as variações nas distribuições espaciais e temporais dos dipteros chaoboridae e dos peixes na Lagoa do Nado em Belo Horizonte, Minas Gerais. Coletas realizadas em 09 de junho de 2008. Em cima, à esquerda ecograma ilustrando uma região central do lago, ao final da tarde. Em cima, à direita, uma região litorânea do lago, também sob a luz do dia. Notar que o lago apresenta densidades relativamente elevadas de peixes. Em baixo, final da tarde, quando os chaoboridae iniciam o seu movimento de subida na coluna de água. Nesse momento, é possível verificar os "mergulhos" de peixes até o fundo da represa. Em baixo, à direita, já à noite, no escuro, com a coluna de água totalmente tomada por chaoboridae.





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Última atualização em 16 de agosto de 2017
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